terça-feira, 14 de maio de 2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

"Escrevendo o futuro, o lugar em que vivemos."


PRESERVAÇÃO DA NATUREZA

      Considerando o fato da necessidade do trabalho de História e Geografia, e que este não se resume basicamente à cidade e às transformações da paisagem ao longo do tempo, percebe-se a importância de um trabalho contextualizado, para que se torne mais fácil a compreensão das relações de poder, autoridade e hierarquia presentes no município, bem como as modificações da paisagem pois, para Santos (1988), “tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc.”
      Iniciei trabalhando a biografia dos alunos, falando sobre o que esperam do futuro, de acordo com a fala da autora Maria Aparecida Bergamaschi: “Proponho que se busque articular as trajetórias dos alunos e professores, suas histórias de vida (biografias) com a história social (processo histórico, coletivo). Nesse sentido, destaca-se a importância da memória individual e da memória social - que se materializa nos diferentes espaços da cidade: ruas, prédios, museus, aterros, diques, pontes, desmatamentos, praças...”, trabalhando a história de vida, tanto do aluno como do professor, o ensino de História e Geografia e das noções de temporalidade se torna facilitado.
O livro escolhido para suporte do projeto foi “Mas será que nasceria a macieira?”, de Priscila Kellen e Alê Abreu. Este trabalho auxiliará os alunos na “construção das noções de temporalidade", acontecendo de forma lúdica e prazerosa.
Como continuidade do projeto, os alunos deveriam observar também as modificações das paisagens em nosso entorno, no entorno de nossa casa, de nossa escola, além de observar as mudanças de nossa cidade, realizando o acompanhamento e envolvendo a família na construção de maquetes e no registro com fotografias.
Resgatamos imagens da cidade no seu início, na sua criação e comparamo-las com as imagens do hoje, assim como bem citado no texto de Bergamashi:
“Além de aprender que o tempo é medido a partir de uma referência, de acordo com as irregularidades socioculturais de diferentes grupos e momentos históricos, os alunos poderão, ainda, ser incitados ao conhecimento da existência de diversidades na forma de pensar e sentir os tempos: o tempo métrico (do relógio, do calendário), o tempo da natureza (do ciclo da vida, das fases da lua, do dia e da noite, das estações do ano...), o tempo geológico (das lentas transformações, das "eras"), o tempo das diferentes culturas (dos cristãos, dos judeus, dos muçulmanos), o tempo subjetivo (do sentimento de tempo individual) e o ritmo e a ordenação temporal para diferentes pessoas, para diferentes atividades e instituições (o tempo do cozimento dos alimentos, o tempo do recreio, o tempo de cada aula, do jogo de futebol, ...).” (BERGAMASCHI: 2000)
Com o trabalho sobre o livro “Mas será que nasceria a macieira?” foi possível observar os ritmos, a duração, a velocidade com que as mudanças ocorrem, identificando, assim, os três tempos: o tempo do acontecimento breve, o da conjuntura e o da estrutura, como citado nos PCNs.
De acordo com os PCNs, tempo do acontecimento breve é aquele que representa a “duração de um fato de dimensão breve, correspondendo a um momento preciso, arcado por uma data. Pode ser, no caso, um nascimento, a assinatura de um acordo, uma greve, a independência política de um país, a exposição de uma coleção artística, a fundação de uma cidade, o início ou o fim de uma guerra”. No livro, pode-se observar a gravidez da antes menina, no momento, já mulher e o pai, agora idoso.
A observação do tempo da conjuntura “é aquele que se prolonga e pode ser apreendido durante uma vida, como o período de uma crise econômica, a duração de uma guerra, a permanência de um regime político, o desenrolar de um movimento cultural, os efeitos de uma epidemia ou a validade de uma lei.” Assim, percebe-se as mudanças que acontecem com a árvore e seu entorno ao longo do livro.
A observação do tempo da estrutura é quase imutável, pois as mudanças que ocorrem na sua extensão e como citado nos PCNs ”são quase imperceptíveis nas vivências contemporâneas das pessoas. É a duração de um regime de trabalho como a escravidão, de hábitos religiosos e de mentalidades que perduram, o uso de moedas nos sistemas de trocas ou as convivências sociais em organizações como as cidades.” O que também pode-se questionar nas atividades realizadas sobre o livro, pois uma cidade se formou: onde antes apenas existia uma casa, agora existe uma vila. Quais são as transformações sociais que ocorreram após este marco?
Conforme Santos:
No começo da história do homem, seus instrumentos de trabalho eram separados, hoje estão cada vez mais indivisíveis, como uma estrada de ferro, uma autopista etc. O caminho histórico dos instrumentos de trabalho vai, cada vez mais, da divisibilidade à indivisibilidade e do dado isolado ao sistema. É o que ocorre com a energia elétrica, a água, o telefone etc. Outra tendência atual dos instrumentos de trabalho é ir do diminuto ao imenso - por exemplo, os circuitos integrados e os hipermercados. Cada um desses instrumentos é um sistema em si mesmo, que se relaciona com um sistema global. Dessa forma, um shopping-center tem seu próprio sistema de crédito, seus estacionamentos, sua lógica organizacional, seu sistema funcional. Há uma sistematicidade do objeto moderno que se relaciona com um sistema maior. Passamos dos objetos, geográfica e funcionalmente isolados, para os objetos agrupados sistematicamente e também sistêmicos. As cidades mais antigas adaptam-se, transformam-se mais ou menos lentamente; as novas já nascem assim.” (SANTOS: 1988)

     Durante o projeto, aconteceu uma visita ao CEAMI, lá os alunos puderam realizar observações e constatações a respeito das modificações da paisagem. Assim como nossa área verde, será que Ivoti também já fora diferente? Adquiriram conhecimentos a respeito das sementes, pássaros e da importância destes para as transformações das paisagens.
    No retorno ao Ceami, foi realizada a escrita coletiva de texto sobre o que foi aprendido no CEAMI, de todas as constatações feitas.
O incentivo e o gosto pela leitura devem ser estimulados ao estudante através de diversas formas, proporcionando envolvê-los e motivá-los cada vez mais para o desenvolvimento de habilidades linguísticas e de comunicação.
   Nesse sentido, o 3º ano A do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Jardim Panorâmico explorou no mês de abril, através a obra "Mas será que nasceria a macieira?" várias atividades, tais como a reescrita coletiva do livro, estudos sobre as árvores, sementes, pássaros, criação de cenas do livro com massa de modelar, montagem da macieira com garrafas pet, estudo da música Vai crescer, de Mariana Rios, visualização do filme Lórax, em busca da trúfula perdida, entre outras.
   O projeto foi baseado na leitura, compreensão e reescrita da história proposta, realizando comparações e análises sobre as mudanças do espaço e a influêcia do ser humano no ambiente em que vive.
   A aprendizagem é mais do que aquisição ou apreensão da rede de determinados conhecimentos conceituais socialmente considerados relevantes e organizados nos componentes curriculares. É, principalmente, a modificação desses conhecimentos, criação e invenção de outros necessários para entender aquilo que damos o nome de realidade.
Bibliografia:
BERGAMASCHI, M. A . O tempo Histórico nas primeiras séries do ensino Fundamental. In: 23ª Conferencia anual da ANPED, 2000, Caxambu/MG. Publicações do GT 7: Ensino Fundamental, 2000. p. 1-13.

SANTOS, Milton. METAMORFOSES DO ESPAÇO HABITADO, fundamentos
Teórico e metodológico da geografia. Hucitec.São Paulo 1988.

Parâmetros curriculares nacionais: História, Geografia/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 166p.